A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Fórum em Jafa (12/10/2015)

O segundo dia de trabalho efetivo do trio de viajantes constituiu-se da participação em um fórum técnico oferecido por um dos fornecedores da empresa em que trabalham. O local do evento era um restaurante elegante no alto de uma cidade de quase quatro mil anos de existência, conurbada com Tel Aviv, chamada Jafa. Aliás, uma questão interessante é a nomenclatura da cidade: os judeus a chamam de Yafo, os anglófonos de Jafa e no Brasil se conhece por Jope. Manterei o nome internacional.

Saindo de táxi do hotel após o café da manhã, eles foram levados ao suposto endereço mostrado ao motorista, que compreendia muito mal o inglês. Chegaram, pagaram, desembarcaram, olharam para um lado e para o outro e não se acharam. Não havia referência nenhuma a restaurante ou fórum de qualquer natureza na esquina em que foram deixados.

Mateus perguntou pelo nome do local a um vigia de estacionamento que observava a cara de perdido dos três, pelo que foi orientado a descer aquela rua e subir a seguinte. Debaixo de um sol de mais de 30 °C pouco depois das 9 horas da manhã, a tarefa não foi fácil. No ponto final da indicação recebida havia apenas um bar começando a abrir as portas. Desta vez, Renato foi se informar e curiosamente o atendente que arrumava as cadeiras na varanda falou que eles deveriam voltar por onde tinham vindo: o restaurante era na outra ponta da colina.

Viraram as costas desolados em terem que andar tanto a mais vestidos de social e avistaram outra pessoa que não parecia ser dali. José teve a presença de espírito de indagar "Fórum?" ao desconhecido, e recebeu um aceno positivo com a cabeça. Pelo menos não eram apenas o jovem e seus colegas de trabalho que estavam perdidos.

Depois de muito discutirem sobre a melhor rota, Mateus conseguiu contatar uma funcionária da empresa organizadora, o que vinha tentando desde que descera do táxi. Ela se comprometeu a buscá-los onde estavam e realmente apareceu em coisa de cinco minutos.

Seguindo os passos da moça, eles acharam o espaço, algo que perceberam que não fariam sozinhos: atrás de um pergolado cheio de folhas e sem sinalização havia uma passagem que dava ao evento.

Uma vez lá dentro, não demorou para que, após um breve período de networking, iniciassem-se as apresentações. Eram slides e explanações mais políticas do que técnicas, com todos adulando e se derretendo em elogios à companhia anfitriã do fórum. Inclusive Renato e Mateus, que não acreditavam na ferramenta adquirida, fizeram sua parte no teatro quando estiveram à frente da plateia.

O dia inteiro foi assim, com uma pequena pausa para almoço. Por volta das 4 da tarde, encerrada a última apresentação, o presidente da empresa convidou a todos para um city tour a pé pelo centro histórico de Jafa. Renato animou-se e sacou seu celular para buscar boas fotos. Em uma hora de caminhada, o rapaz ouviu atentamente o que o guia (mais um!) contava sobre a cidade, desde a fundação por povos mesopotâmicos, indo pela tomada por civilização após civilização, pincelando a tradição histórica de que o apóstolo Pedro havia feito milagres ali e chegando aos árabes, otomanos, ingleses e, finalmente, judeus.

O jornada acabou no solário do restaurante, de onde observaram um belo pôr-do-sol, comeram excelentes comidas regionais e expandiram a rede de negócios com os demais presentes no local.

Já com o céu escuro, tomaram um táxi para o hotel e, no trajeto, José propôs algo diferente para aquela noite: correr. Mateus, como era de se esperar, declinou e disse que iria descansar. Renato, como também era de se esperar, prontamente aceitou, apesar de não fazer exercícios físicos intensos há mais de um ano.

Em menos de meia hora depois de terem chegado, os parceiros de passeios noturnos estavam prontos para se lançarem calçadão afora. Foram vinte minutos de trote com o mar à direita e a avenida à esquerda. Na volta, quase quarenta minutos de caminhada, já que o rapaz se rendera e preferiu não forçar o corpo. Trabalhou mesmo o gogó, não fechando a boca até chegarem de volta.

Um merecido banho de banheira quente para relaxar os músculos precedeu o sono merecido.