A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Tudo certo para viajar? (05/10/2015)

Segunda-feira, véspera da viagem. Por indicação da empresa, Renato irá passar 10 dias em Israel para visitar o workshop de um fornecedor e uma feira de tecnologia, ambos em Tel Aviv. De fato, o workshop ocorrerá somente na próxima segunda-feira e a feira, nos três dias seguintes. Acontece que o gerente e o diretor que também foram escalados para representar a empresa nos eventos decidiram aproveitar o voo e antecipar a agenda para encaixar turismo religioso. Sem dinheiro, sem poder de decisão, sem real interesse em conhecer lugares turísticos em uma região de conflito, restou a Renato se conformar e levar um bom livro para lê-lo no hotel nesses dias em que ficará ocioso.

No escritório, tratou de finalizar questões que poderiam ficar em aberto e de solução difícil a distância (incluindo o fuso horário de 6 horas a mais). Seu plano no expediente era usar a viagem como desculpa e sair mais cedo para ter tempo de visitar o pai, depois a mãe e ainda começar a arrumar as malas. Evidentemente ele havia deixado para a última hora todas essas coisas. Foi parar em uma reunião infindável, bastante confusa, em que entrou para ser apoio e acabou conduzindo os assuntos, tornando-se necessário até o final. Saiu às pressas muito depois do horário pretendido, o que atrapalhou todo seu cronograma.

A primeira parada foi a casa de seu pai, Abel. Propôs a si mesmo apenas dar um abraço nele e tomar um copo de cerveja, ritual que seu velho prezava e fazia questão. Chegando lá, morrendo de fome, se rendeu ao plano astuto do homem e ao cheiro maravilhoso da carne para burrito que ele havia preparado. As tortillas já estavam posicionadas, a carne refogava na panela para exalar e veio o xeque-mate: "Não quer comer um pouco antes de ir embora, não?"

A meia hora intencionada por Renato para ficar com seu pai durou uma hora e meia. Aproveitou que estava rendido pelo estômago e pôs a conversa em dia, visto que ambos falam bastante e sobre tudo. Quando chegou na casa de sua mãe, ela já havia ido dormir, pelo que ele se sentiu culpado e dormiu por lá para encontrá-la pela manhã e lhe dar um abraço antes de tomar o avião. Quem estava acordada, contudo, era Paloma. Aí está mais uma que fala pelos cotovelos e o papo dos dois também rendeu.

A cabeça, nessa noite, foi para o travesseiro ansiosa. Não queria ir e deixar Alice, não queria ir sem ter dado um pouco de atenção para sua velhinha Elza, não queria ir, não queria ir e ponto. Mas essa não era uma opção disponível. A noite foi longa e solitária...