A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Um banho no Mediterrâneo (14/10/2015)

Último dia completo em Israel. Renato se apegava a esse tipo de conta para aliviar a mente da estafa completa que ficar longe do Brasil estava lhe causando. Na prática, ele demoraria mais de 48 horas para desembarcar em solo tupiniquim, mas quanto menor parecesse esse tempo, melhor.

A programação do dia era técnica novamente. Visitariam uma fábrica de equipamentos e depois uma estação de tratamento de esgotos e tudo o que tinham para fazer ali no Oriente Médio naquela viagem estaria encerrado!

No café da manhã, receberam um fornecedor que foi contatado na feira do dia anterior, para discutirem um projeto piloto. Dispensado o visitante, pegaram um táxi e partiram para a dita fábrica. O rapaz ia pelo caminho se despedindo internamente dali com uma pontinha de melancolia até, como quem queria que Tel Aviv fosse do lado de Ribeirão Preto: longe o suficiente para ter saudade e perto o suficiente para poder voltar.

Na fábrica, assim como na feira, mais tecnicalidade. Bombas d'água, turbinas, tornos mecânicos, fresas, testes, laboratórios. Tédio. Na estação de tratamento idem, com a diferença de que houve uma apresentação institucional antes e alguns biscoitos gostosos para forrarem o estômago no finzinho da manhã.

As atividades obrigatórias do dia se encerraram pouco depois do meio-dia, pelo que o trio seguiu para almoçar em um restaurante italiano. Nesse sentido, a cidade em que estavam hospedados parecia com São Paulo, bastante cosmopolita em seus habitantes e em sua gastronomia. Renato comeu um bom prato de espaguete ao molho bolonhesa para instantaneamente voltar pra casa pelo paladar. Nada de temperos estranhos ou animais como cordeiro ou peixes locais; em seu lugar, farinha de trigo, água, tomate e carne moída. Só. Pronto. É isso de que precisava.

De volta ao hotel, José antecipou o convite para saírem, dado que não eram cinco da tarde ainda. Só que dessa vez, veio com uma ideia diferente.

- Pessoal, vamos à praia mergulhar no Mar Mediterrâneo?

Renato logo consentiu, como todos esses dias vinha fazendo. A surpresa foi a empolgação com que Mateus também se dispôs a ir também. Parecia o Chaves sendo convidado para algo divertido:

- Pô, podemos descer, ficar um pouco na areia, tomar um banho de mar, quem sabe tomar um sorvete... - "e zás, e zás!" nosso caro protagonista completou dentro da própria cabeça a frase do gerente, abrindo um riso contente.

Após um tempo não mais que suficiente para se trocarem, lá estavam os três a pé a caminho da orla, que ficava a três quarteirões dali. O dia estava agradável, ameno e com poucas nuvens, apesar de ventar bastante, clima mais que convidativo para lavar a alma em água salgada.

O rapaz foi o primeiro a se despir e, de sunga, entrar no mar. Para seu espanto e prazer simultâneos, a temperatura ali dentro era gostosa, diferentemente das águas geladas do litoral carioca a que estava acostumado. Nadou menos de cinco minutos até Mateus aparecer ao seu lado, em êxtase. José veio em seguida, por último, confiando que ninguém mexeria nas coisas deixadas sobre a areia, atitude pouco usual para brasileiros.

Como três adolescentes, bateram os braços, afundaram e voltaram, pegaram "jacaré" nas ondas, contaram casos, se divertiram. A comemoração perfeita e um excelente grand finale para aquela jornada meio mundo além do conforto do lar. De quebra, conseguiram observar da areia o pôr-do-sol no mar, enquanto se secavam aos pulos por terem esquecido de trazer toalha. Renato deixou escapar que "realmente, aqui o sol não nasce na água, ele se põe...", mesmo sendo evidente aos olhos. Não houve resposta. Estavam todos hipnotizados.

No hotel já à noite, uma banheira morna aguardava o rapaz. Ele se permitiu quase cochilar dentro dela, último rito de despedida da Terra Santa. Amanhã, 17 horas de viagem entre aeroportos e conexões.