A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Aniversário de Dona Elza (26/10/2015)

Os pesadelos de Renato são tão criativos quanto o próprio rapaz. Na noite de ontem para hoje, ele sonhou que estava viajando a trabalho e seu voo de volta para casa havia sido adiantado, a pedido dos demais passageiros que já haviam chegado ao aeroporto. Sendo assim, restou-lhe esperar resignado a partida do dia seguinte. Tendo retornado à cidade, uma chuva torrencial inundou a cidade e móveis eram arrastados pela correnteza, pelo que ele entrou no rio barrento e artificial formado na rua para ajudar as pessoas a resgatarem seus bens.

Ao fim da confusão pluvial, ele se viu na praça central do lugarejo, em que uma guerra de bananas e maçãs se iniciava. Revoltado com a quantidade de reveses daquele dia e sob fogo cruzado de quitanda, em que uma maçã acertou-lhe a costela, ele começou a revidar com agressão física àquela "brincadeira" e acordou ofegante antes que fosse arrastado para a delegacia pela Polícia Militar que se aproximava da peleja.

Abriu os olhos e o dia já estava clareando, mas ainda não era hora de levantar. Coração acelerado com o sonho esdrúxulo e cabeça preocupada em perder a hora, as dezenas de minutos seguintes de sono foram péssimas, razão pela qual ficou o dia inteiro sonolento.

No escritório, chegou no horário pedido pelo gerente para uma reunião dita importantíssima e teve que esperar quase 40 minutos antes que de fato algo de importante acontecesse. Mil obrigações, três projetos paralelos, tudo sempre urgente, somados ao mau humor de querer um travesseiro ao invés de um notebook, fizeram do seu dia de trabalho um martírio.

Nem chamou Andressa no comunicador interno da empresa para papear, como era de costume, de tanto que exigiram de Renato. Almoçou ao lado do computador na mesa de trabalho, alternando garfadas e cliques, mastigação com digitação.

Apesar de jurar que já estava naquele ambiente havia 46 horas, suas 9 horas regulares se expiraram e precisamente às 18:04 ele deixou o edifício no centro da cidade e foi para a casa de sua mãe, comemorar com um jantar os 61 anos de vida de Elza.

Se no trabalho as pessoas não colaboraram, no fim do expediente foi o Metrô que deu sua contribuição para provocar os limites do rapaz. Uma falha em um trem em uma das estações fez com que tudo travasse naquele meio de transporte e o embarque se mostrou impossível. Trocou o modal para meia hora de caminhada e dois ônibus, mas agraciado com a companhia de Paloma, com quem combinou de se encontrar para fugirem juntos do metrô; ela também usa este regularmente para voltar para casa e também viu que hoje ele estava impraticável.

Finalmente na casa de sua mãe, lá estavam a própria e sua irmã mais velha, Matilde, que também fora convidada. Os quatro seguiram para uma casa de cortes argentinos de carne, onde se esbaldaram entre o prazer do comer e o prazer de falar. Couvert, foto, prato principal, sobremesa, café, satisfação, casa. O roteiro de uma noite para apagar o desastre do dia.