A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Ao menos há Alice antes de viajar (03/11/2015)

Se o mês de outubro carregou Renato mundo a fora, o mês de novembro o fará rodar o Brasil. Para este período estão reservadas duas viagens a trabalho, uma para Campo Grande e outra para Cabo Frio. A primeira será amanhã cedo. O rapaz já está um pouco cansado de viajar pela empresa, mas em tempos de crise é difícil se negar a fazer algo que paga seu bom salário pontualmente. Pensando pelo lado positivo, ao menos haverá a companhia da namorada para alegrá-lo hoje.

Renato tinha ficado com preguiça de ir para sua casa na noite do dia anterior e decidiu dormir na casa de Alice mesmo. Vítor, melhor amigo de nosso protagonista, também fez o mesmo na casa de sua própria namorada, Gabriela, e acabaram combinando de irem juntos para suas respectivas residências. No caminho, os dois, que não tinham tirado um tempo para papear somente entre eles havia meses, colocaram parte do assunto em dia. Falaram um pouco de relacionamento, de trabalho, da faculdade do moço mais novo e de tudo o mais que foi possível encaixar nesse meio.

Da casa de Vítor, já bastante atrasado, Renato correu para a sua, arrumou-se rapidamente e foi para o escritório. Pela manhã, uma reunião improdutiva ocupou seu tempo, socado em uma sala fechada com Mateus e Laura. Antes que o encontro corporativo acabasse, a moça desatou a falar sobre sua situação na empresa e em como se comportaria deli pra frente, dado o que vinha acontecendo. Em resumo, ela informou o gerente que trabalharia nos projetos que ele solicitasse, mas também trabalharia em projetos de outros gestores mais influentes do que ele porque sentia que a batata do gerente estava assando, pra ser bem direto.

Renato ficou embasbacado. Não tanto pela aparente ousadia de Laura, mas porque ela tinha exposto exatamente o que os dois pensavam de Mateus e o que haviam combinado de fazer em segredo, para evitar interferências nos planos. Ela não suportou o peso de ser uma "conspiradora" e vomitou o que lhe embrulhava o estômago e a cabeça.

Foram almoçar em separado, os dois funcionários em um lugar, o gestor em outro. O rapaz aproveitou para perguntar à colega o que sentia que já sabia e ouviu a confirmação. De fato, ela não se sentia bem ao agir de forma incompatível com a hierarquia sem que seu superior direto soubesse. Renato percebeu que não poderia contar com ela para planos mais sensíveis, mas compreendeu o porquê de ela ter agido como agiu.

O restante do expediente foi sem soluços, com resoluções cotidianas até o momento de partir. Foi para casa com energia suficiente para arrumar sua mala e limpar parte da bagunça. Varreu, passou pano, trocou roupa de cama, esvaziou a pia de louças para lavar e deu um trato superficial no banheiro. Alice havia chegado no meio da arrumação e ficou deitada puxando papo enquanto observava o namorado fazer as vezes de dona-de-casa. Ao fim, arrumou a mala e ambos foram até a casa da moça; Renato dormirá lá para ficar mais perto do aeroporto pelo qual viajará no dia seguinte.

Depois de um bom banho, o casal se deitou para dormir e, com a cabeça de Alice em seu ombro, ele repetiu o que tinha pegado o hábito de fazer vez ou outra: "Amo você, florzinha!". Desta vez, porém, de forma inédita, houve resposta: "Também amo você...". O escuro do quarto ocultou o sorriso largo que o moço escancarou no rosto ao ouvir sua namorada se declarar. O silêncio, porém, entregou o som de seu coração batendo acelerado de alegria por um bom tempo, até se acalmar e relaxar. Dormiu sereno e satisfeito.