A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Noite no Ibotirama (23/10/2015)

A manhã de sexta-feira anunciou o início das comemorações oficiais do aniversário de Renato. Os três dias do final de semana estavam preenchidos com eventos sociais e o fim do expediente de hoje traria como abre-alas um barzinho com Edson, um colega da época da faculdade de economia.

Como grande parte das sextas-feiras, o trabalho em si foi mais tranquilo. Parece que todos no escritório já tiram o pé do acelerador para entrarem no sábado desconectados dos problemas do serviço. Com menos solicitações e até mesmo menos autocobrança, Renato fez suas atividades tranquilamente, almoçou com Laura, voltou para a semi-letargia do ambiente de trabalho pós-meio-dia e decidiu encerrar as obrigações às 18 horas.

Ainda no oitavo andar de um prédio comercial na Faria Lima, ele mandou mensagem para Edson e para Alice (evidentemente, ela também foi ao barzinho) para sincronizarem o encontro na Av. Paulista, palco da bagunça de hoje. Renato subiu à avenida de ônibus, o colega foi a pé e a namorada, de carro. Pouco antes das oito da noite, os três estavam entrando no estabelecimento e pedindo a primeira cerveja.

Edson é um rapaz extremamente divertido e faz da sua homossexualidade uma escada para chocar os outros com histórias e casos pelas quais passou nos vinte e poucos anos de vida que tem. Nosso protagonista já está remediado com esse tipo de atitude, mas Alice foi pega de surpresa.

No primeiro copo de cerveja, o rapaz gay estava de camisa fechada e sentado comportado à mesa, falando essencialmente do novo emprego que conseguiu há pouco mais de um mês. Na terceira garrafa, ele já estava com a camisa aberta e o assunto já girara para seus encontros sexuais. Foi quando ele pediu uma caipirinha.

Meia hora depois, o copo de vidro baixo só tinha cubos de gelo e dois quartos de limão macerado. O líquido já estava completamente dentro de Edson, que falava de forma embriagada mais coisas do que deveria. Renato gargalhava e Alice se espantava com as histórias de festas nuas, sexo com rapazes que acabara de conhecer em aplicativos de encontros, perdas parciais de memória em baladas regadas a muito álcool e até um caso de fisting (procure no Google se não souber o que é, mas sugiro fazê-lo com privacidade).

O auge da verborragia foi quando o tagarela comentou que Renato o havia chamado para uma festa fetichista para ambos a conhecerem. Este estava solteiro na época e, mais aberto a experiências de vida que a média das pessoas, procurou uma companhia para se sentir menos deslocado. Pelo relato acima, dá pra perceber porque Edson foi o escolhido.

Por se tratar de quem narrava, mesmo sem ter ido sequer uma vez lá e abusando da sua capacidade criativa, o colega contou para Alice que havia sido convidado pelo namorado dela para uma festa "em que o pessoal fica pelado e faz sexo na frente de todo mundo". Ela sorriu, mas seus olhos denunciavam que o tempo fechara. "Hora de partir", pensou Renato.

Desviado o assunto estrategicamente, o trio pediu uma saideira e logo foram embora; o casal com o carro da moça e o rapaz avulso, de metrô. Desnecessário dizer que Alice ouviu uma pequena explicação mais isenta do que era a dita festa, a "confissão" de que ele realmente havia chamado Edson para lá e que, com o namoro, o plano havia se extinguido.

- Ainda bem! Porque assim, você pode até ir e tal, a vida é sua, mas nem me liga no dia seguinte! - expirou ela em um tom entre o cômico e o ácido.

Renato assimilou a informação, mas não fez questão de processá-la naquele momento. Foram os dois para seu apartamento namorar e dormir de conchinha como se isso já estivesse 100% resolvido.