A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Parabéns pra você, Alice (18/10/2015)

Renato acordou em sua antiga cama na casa de sua mãe. Ela e Paloma o despertaram pouco antes das nove da manhã parabenizando-o pelo seu dia. O rapaz não é muito afeito a comemorações de aniversário, mas entende o amor e a alegria com que as duas vêm todo ano desejar-lhe "muito anos de vida, felicidade, saúde" e o mesmo de sempre.

Apesar de teoricamente ser uma data festiva para ele, sua programação do dia estava preenchida com dedicação a terceiros: sua mãe, sua irmã, seu pai e Alice. A senhora estava pronta para viajar e seus filhos a levaram até o aeroporto para uma semana de esquecimento da vida paulistana em Angra dos Reis junto com duas irmãs. De lá, os dois irmãos seguiram para o shopping para Renato comprar um brinco com a ajuda de Paloma. Indecisos entre um dourado e um prateado, o rapaz acabou comprando ambos com um dinheiro que pretendia guardar e, com um "foda-se" mental, disse decidido à moça do caixa: "Crédito!".

Finda a compra, Paloma e o irmão partiram à primeira comemoração marcada para o dia, junto com o pai deles. Os dois se encontraram com Abel com cinco minutos de atraso em relação ao combinado, o que para eles é uma marca e tanto! O senhor mesmo se surpreendeu com a pontualidade e não perdeu a chance de fazer uma piada, a que abriu os trabalhos. Aí está mais um trio que fala muito e, na maioria das vezes, só besteira. Ouvi-los é garantia de altas risadas!

O espaço que escolhido pelo pai era um bar de bairro, grande e com muitas mesas, mas simples em termos de decoração e sofisticação. A cara de Abel! Para Renato, estar ali já era um baita presente. Pediram mandioca frita, caldo de feijão e cerveja, muita cerveja. O rapaz mesmo tomou três ou quatro copos, mas os outros dois enxugaram seis garrafas do líquido dourado. A conta foi entregue a uma mesa levemente embriagada e satisfeita. Como nosso protagonista já havia avisado aos demais que precisaria sair em horário determinado porque tinha um encontro com Alice mais tarde, ele seguiu o roteiro inicial e partiu, passando antes na casa de sua mãe para deixar Paloma.

Em sua casa, Renato vestiu-se do melhor que pôde, pegou os brincos, uma caixa de chocolates Godiva em forma de coração que havia comprado no free shop dias antes e se encontrou com moça, que já o esperava na portaria. Ela a via linda e percebia o esmero com que ela também se dedicara à aparência para o encontro.

Seguiram até o centro da cidade, em uma confeitaria de rua com um ar bastante romântico. Alice não havia almoçado e Renato aguardou que ela se alimentasse antes de iniciar sua declaração:

- Florzinha, eu sei que disse que esperaria o seu tempo! Mas encontrar um amor para mim é tão raro que eu não consigo me conter, tanto que é impossível não estar feliz ao seu lado e querer isso a todo momento. - Ele fuçou rapidamente na sacola de papel que havia trazido, sacou o embrulho de um dos brincos e continuou - Quer voltar a namorar comigo?

Ela abriu a caixa e o sorriso mais lindo se pregou no rosto da moça. Os olhos dela marearam, os dele brilharam. Ela permaneceu muda. Típico de seu perfil, o rapaz aproveitou a situação para descontrair com uma piada (até para expurgar o próprio nervosismo):

- OK, já que com um brinco você não consegue se decidir, tem outro aqui também. - e repetiu o movimento de mexer na sacola e voltar com a mão ocupada.

- Rê! - exclamou Alice, claramente surpresa. Abrandou o tom e continuou. - Acho que era uma questão de tempo, mas você não se segura, não é? É claro que quero!

E eles se beijaram apaixonados. Em sua cabeça, todas as pessoas ao redor bateram palmas de pé, confete caia do teto, assobios, celebração. Na prática, ao afastar os lábios, viu que só um garçom reparara na cena e desviara o olhar assim que fora notado.

- Que bom que você disse sim, porque aí ganha chocolate também! - e o piadista entregou a caixa de bombons.

O resto do dia foi de abraços de braços e de bocas, carinhos e até um "Amo você!" que Renato deixou sair com gosto de ternura. Os dois dormiram juntos na casa dele naquela noite fria que nem foi sentida, seja pelos corações quentes, seja pelos corpos em movimento, seja pela conchinha na hora do sono.