A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Reencontrando o pequeno Furacão (30/10/2015)

Bem-vinda, sexta-feira! A semana começou bem, mas veio degringolando com o passar dos dias. Nada como a sensação de alívio com que se acorda para trazer um ar renovado de esperanças para uma mente cansada.

Renato teve uma manhã normal, aproveitando o café da manhã servido toda sexta na copa da empresa para economizar tempo gasto em casa. Dinheiro também, porque a dispensa está vazia há duas semanas e ele teria que comer algo na rua. Tirou o período pré-almoço para leituras diversas ao invés de trabalhar efetivamente. Faria isto à tarde... Almoçou na companhia de Laura em um restaurante italiano perto do escritório e decidiu mergulhar nos afazeres corporativos assim que retornou.

Para a noite, nada a vista. Pediu ajuda de Alice para decidirem um rumo melhor do que ficar em casa e ela tratou de providenciar: seu irmão, Eustachio Júnior (ou Juninho, como todos o chamam), chamou a moça e o namorado para uma pizza.

A maior alegria ao receber a notícia foi se dar conta que reveria o pequeno Fábio, o sobrinho de três anos e meio de Alice. Renato se dá extremamente bem com crianças e a recíproca tende a ser verdadeira.

Depois de enfrentar o ônibus cheio de fim de expediente e encarar o longo trânsito do horário para ir do centro de São Paulo a Guarulhos, o rapaz estava na porta do apartamento de destino prestes a tocar a campainha quando ouviu a voz fina e infantil do pequeno pestinha. Se alegrou instantaneamente e apertou o botão que fez soar o aviso de que tinha chegado.

- Tio Lenato! - foi possível ouvir o grito extasiado da criança.

A porta se abriu e Alice estava ali para recebê-lo. Ele a cumprimentou e reparou que Fábio estava embaixo da mesa "escondido".

- Renato, o Fábio não está aqui hoje! - disse Juninho, depois de um aperto de mãos e a famosa piscadela de um olho só de quem blefa.

- Meu Deus! Eu vim aqui pra gente brincar! Então vou embora... - respondeu, entrando na onda.

Com um berro estridente depois de agarrar o tornozelo do "tio", o garotinho fez cara de sapeca ao ter conseguido "dar um susto" no rapaz. Renato fingiu o susto de forma teatral, lembrando as expressões de filmes mudos do começo do século XX, e agarrou Fábio como "reação". Jogou-o para cima, depois colocou no chão, rolou, pôs pra cima de novo e arrancou risadas do menino a cada movimento.

A sintonia era clara! Enquanto contava sua saga em Israel para Juninho e a esposa, corria atrás de Fábio, carinhosamente chamado de Furacão pelo nosso protagonista. Falava de política e crise e punha o garoto nas costas, anunciando que tinha um saco de batatas pra vender. Até na hora de comer deixou o pequeno "dar comida em sua boca", ou o que quer que seja que uma criança daquela idade consegue fazer com um garfo e um pedaço de pizza. Lambuzou-se tanto quanto conseguiu se alimentar; talvez mais do primeiro do que do segundo.

A hora de ir embora foi seguida por um "Mais já?" por parte do menino, visivelmente insatisfeito com a despedida. Renato se sentia realizado pelo alvará de volta à infância que havia ganhado e a recompensa da indignação de Fábio com o fim das brincadeiras.

Indo pra casa de Alice, onde dormiu, teve tempo de pensar: "E quem disse que sexta é necessariamente dia de bar e cerveja?".