A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

De volta ao jiu-jitsu (16/11/2015)

Mais cedo que o de costume, a musiquinha irritante, mas necessária, disparou no celular de Renato. Hora de mais um recomeço de rotina. Neste caso, alguns minutos mais cedo que o usual, já que Alice teria que voltar para Guarulhos a tempo de trabalhar também.

O casal se arrumou rápido e até deu tempo de Renato tomar um bom banho antes de sair. Ela levou o namorado até o ponto de ônibus e seguiu seu rumo. Ele, dali, foi com o coletivo até o escritório.

O dia de trabalho foi intenso, com a apresentação final do projeto se aproximando. Tudo deveria estar certo porque está em jogo 30% da Participação nos Resultados a que Renato tem direito anualmente. Não é muito, mas já ajuda a trocar de tablet ou comprar um video-game.

No meio da confusão do dia, Nami mandou-lhe duas mensagens. A primeira, antes do almoço, remarcando o café abandonado para aquela noite. O segundo, poucas horas antes de ele sair para o local marcado, desmarcando novamente. Renato via o padrão de anos atrás se repetir e se chateou apenas pelo tempo que demorou para ler a mensagem. Abstraiu-se da situação, respondeu à amiga de forma cortês e seguiu a vida.

A caminho de casa, realizou que teria a noite livre e se lembrou de uma academia de jiu-jitsu que vira pelo caminho, a cinco ou seis quadras de onde mora. Procurou o telefone na internet, ligou e agendou uma aula experimental para o mesmo dia. Correu em casa, resgatou o quimono empoeirado e a faixa "branca" já amarelada e encardida, comeu duas frutas e partiu para a os tatames.

O centro de treinamento funciona na sobreloja de uma oficina de som automotivo, em um espaço bastante parecido com o que Renato treinou por duas dezenas de meses há mais de dois anos. Por ser em um horário mais tarde só havia quatro alunos no momento, mas o rapaz observou que do horário anterior tinham quase 20 pessoas saindo da área de luta.

Depois de poucos minutos de conversa com o professor, começou a praticar. Ou a se torturar, já que havia muito tempo que não se exercitava e o corpo fazia questão de lembrar-lhe disso. O aquecimento levou o ar dos pulmões, a repetição da técnica do dia levou-lhe pedaços de pele das dobras dos dedos e a luta prática presenteou-lhe com roxos no rosto, no tronco, na axila e no pescoço. Apesar de tudo, ele foi embora dali feliz como não se sentia há tempos. O cansaço do lutador. A exaustão de quem se diverte levando-se ao limite. "A dor é a fraqueza saindo do corpo", é uma citação atribuída a Carlson Gracie que Renato gosta de proclamar para si e para os outros que perguntam por que ele faz isso.

Desnecessário dizer que da academia Renato foi direto para casa. Tomou um bom banho relaxante e desmaiou pouco depois de mandar mensagem de boa noite para a namorada.