A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Uísque e charuto (27/11/2015)

Sexta-feira! Dia de relaxar, de trabalhar com menos vigor (se possível) e de happy hour (desejável). Para Renato, uma ocasião extra o fazia ansiar pela sexta: hoje ele se encontrará com o padrinho para fumarem charutos cubanos e tomarem uísque single malt. Momentos para ele brincar de ser gente grande.

A primeira gota de alegria pingou quando viu sua morena dormindo ao seu lado despertar vagarosamente junto consigo. Se arrumaram conversando e ouvindo música, deixando tudo mais leve e quase os fazendo perder a hora. Ela o deixou no ponto de ônibus e seguiu para Guarulhos para trabalhar.

Como sempre, Renato chegou no escritório passados dez ou quinze minutos de seu horário oficial de início de expediente. Foi direto à sala de reuniões acreditando estar atrasado, mas deparou com ela vazia. Mateus, que tinha solicitado o encontro de equipe, estava mais atrasado do que ele, enquanto Laura aguardava o gestor em sua própria mesa.

Como sempre também, Mateus chegou e tornou uma reunião em outra, desvirtuando o assunto original e trazendo á mesa questões paralelas de outro projeto que ele tocava e precisava da ajuda dos dois liderados. Pelo comunicador interno da empresa, Laura viu uma mensagem de seu colega aparecer na tela "Ele não vai conseguir estragar o meu humor hoje". Renato tratou de se tranquilizar e operar em modo padrão burocrático. Desta forma, não tardou para que o horário do almoço chegasse.

Quando veio, foram comer juntos apenas o rapaz e sua parceira no departamento. Escolheram ir ao mesmo espaço de food truck em que há dias Renato tomou a sonífera Michelada. Desta vez ele optou por algo que permitisse que ele ficasse alerta até o fim do tempo de trabalho e escolheu comida sueca. De forma bem simplificada, eram almôndegas com purê de batata e salada. Entretanto, os temperos utilizados eram totalmente diferentes e davam um sabor característico e único àquela culinária. Foi uma boa pedida; ponto para a felicidade!

À tarde, as horas foram tomadas pela fatídica reunião de apresentação final do projeto. Todas as dificuldades e transtornos das últimas semanas serviram para alguma coisa, e essa coisa foi colocada à prova da diretoria naquele período. O resultado foi abertamente positivo! Apesar de pedirem algumas melhorias, os gestores aprovaram de forma unânime o projeto e ele será implantado no ano de 2016.

Com essa conquista em baixo do braço e um sorriso nos lábios, Renato se despediu da semana de trabalho. Deixou o escritório e foi pra casa pegar o uísque e o charuto para seguir com o plano. Alice foi se encontrar com as amigas em um "Clube da Luluzinha" e o namorado se sentiu bem à vontade para aproveitar aquele momento masculino com o padrinho.

Imagine duas pessoas que gostam de assuntos polêmicos e têm uma retórica poderosa. Esse era o par Renato e João. Das 10 da noite a quase duas da madrugada, eles falaram ininterruptamente sobre religião, família e política, majoritariamente. Até passearem por culinária rapidamente, mas não foi o foco. O rapaz saiu de lá revigorado mentalmente, apesar de levemente embriagado.

Foi dormir na casa de Elza, já que no dia seguinte teria que ir ao cabeleireiro que fica a uma quadra de lá. Antes de se entregar de vez ao colchão, verificou as mensagens ao celular e viu que havia uma pequena bronca da namorada: "Quando achar meu namorado, me avisa". Ele respondeu jocosamente "Achei!" e complementou com uma carinha de sorriso, pelo que ela "Queria falar com você, mas você não me respondia!". Ele: "O celular estava na parede, carregando... Esqueci dele e da vida.". Ela , encerrando: "Não faça mais isso.".

Renato ignorou o tom paternalista e impositor daquela frase de conclusão. Não a respondeu. Preferiu virar de lado, desligar o aparelho e dormir tranquilamente.