A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Visita inesperada (20/11/2015)

"Meu Deus, que cama maravilhosa!". Esse foi o primeiro pensamento de Renato ao abrir os olhos, com o dia já claro. Alice dormitava ao seu lado, na iminência de acordar também. Fosse pelo corpo cansado, fosse pelo estado de relaxamento que o rapaz alcançou, o colchão embaixo de si parecia ser de nuvens macias envoltas em seda.

Quando o casal trocou olhares, um sorriu gentilmente para o outro e se gastou um bom tempo juntos ali. Depois, uma ducha matinal para lavar a preguiça restante e os dois saíram do quarto principal do apartamento, perto do meio-dia. Tomaram café-da-manhã independentemente do horário, uma vez que se trata de um feriado e o formalismo do relógio não é bem-vindo.

Saciados, Renato e Alice combinaram de descerem à praia e foram vestir a roupa de banho. Protetor solar passado, óculos de sol no rosto, chinelo no pé e rua. Andaram por duas quadras até a areia e escolheram uma barraca para repousar.

O dia passava por seus olhos junto com os vendedores ambulantes que anunciavam cocos, milhos e queijos. Junto com as crianças que corriam atrás de bolas ou mergulhavam para fugir das ondas. Junto com os belos corpos expostos, masculinos e femininos, que atraíam olhares discretos dele ou dela, resguardados pelas lentes escuras. Ela tomou duas cervejas, ele três refrigerantes. Comeram pastéis também antes de partir, quando o sol ameaçava se esconder atrás dos prédios à beira da orla.

Chegaram de volta ao condomínio da moça e foram à piscina na cobertura. Para Renato, era estranho passar tanto tempo com alguém e não vir à cabeça nenhum assunto que pudesse despertar a atenção de ambos. Alice gosta de cachorros e odontologia, e isso é tudo o que ele consegue pensar quando quer fisgar o papo com a namorada. Mas não estava afim de falar disso hoje e o silêncio foi a principal comunicação entre eles durante grande parte dos momentos.

Curiosamente, algo aconteceu que tratou de alterar essa situação. Seu amigo de faculdade, também chamado Renato, apelido Esponja, tinha descido com a namorada para a mesma cidade de praia em que nosso protagonista estava e não conseguiu achar hospedagem de última hora. Tendo o rapaz comentando o fato com Alice, esta ofereceu seu apartamento ao casal desalojado e em coisa de uma hora eles se encontraram.

- Caraca, Duende! Quanto tempo eu não te vejo! - de fato, fazia uns seis meses. A propósito, Duende é o apelido de faculdade do Renato destes relatos.

- Nem me fala, Esponja! Bom te ver, rapaz! - e retribuiu o aperto de mãos do amigo com um abraço.

A dupla rompeu o silêncio como a polícia invade um cativeiro. Instantaneamente, começou uma tagarelice sem fim entre os dois engenheiros, enquanto as moças se entreolhavam e riam da situação, esporadicamente comentando que não estavam entendendo nada do assunto que era tratado: essencialmente engenharia.

Depois de serem parados pelas respectivas namoradas para que elas fossem inseridas na conversa, o quarteto passou a falar de viagens e família enquanto se dirigiam à pizzaria do bairro, escolhida por unanimidade como o jantar deles.

O clima estava quente, mas o chuvisco do fim de dia ajudou a refrescar o ar morno que os circundava. A cerveja gelada também, em contraste com os pedaços de massa e queijo assados que ingeriam. Apesar das bocas ocupadas, o bate-papo animado não cessou por um minuto sequer.

Todos satisfeitos, os dois casais voltaram ao apartamento de Alice. Foram dormir relativamente cedo para poderem aproveitar melhor o dia seguinte desde a manhã. Com as costas naquele colchão dos deuses, não demorou até Renato cair em sono profundo, antes mesmo de a namorada voltar do banheiro em que tirava a maquiagem, vestia o pijama e se preparava para dormir.