A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Nada melhor do que conversar (10/11/2015)

Renato decidiu que, depois da tensão toda do dia anterior, hoje iria simplesmente dividir seu dia em duas partes: a manhã para si, a tarde para a empresa. Em seu período particular, colocou suas finanças em dia, leu um pouco de notícias e gastou o resto do tempo ao telefone com Paloma para alinharem o que tinham conseguido levantar a respeito das casas para o Réveillon.

No almoço, foi positivamente surpreendido por um convite de Luiz, atualmente diretor da empresa, mas que foi o primeiro superior direto de Renato quando este entrou no mercado de trabalho. Ambos estavam em outra companhia na época, há seis anos, e o mundo minúsculo onde vivemos os colocou de novo na mesma depois de um tempo em que foram percorrer caminhos divergentes.

Luiz é um engenheiro de formação, mas considera-se um líder de equipe antes de qualquer outro rótulo corporativo. A admiração que Renato tem por ele reside principalmente no fato do gestor ter conseguido domar seu ímpeto belicoso e impulsivo típico de um recém-formado em faculdade de ponta.

O papo começou tratando da organização onde trabalham e seus destinos, em que ambos dividiram as informações e percepções que tinham para nivelarem os conhecimentos dos meandros da política interna de qualquer corporação. Rapidamente, entretanto, desviaram o foco para tratar de religião, política nacional, livros, metafísica e uma série de interesses em comum que apresentam, mais um motivo pela empatia entre os dois.

Finda a refeição, apesar de não terem esgotado os possíveis temas a tratar, voltaram para o escritório juntos e Renato resolveu realmente mergulhar nas obrigações do dia. A hora passou voando nessa segunda metade da labuta, em que a única companhia do rapaz era a música que tocava de fundo em seus fones de ouvido.

Antes de ir embora, Renato chamou Mateus para falar-lhe. Expôs sua visão dos problemas que via no departamento e na gestão do time, que vinham sendo guardados e, por sugestão de Luiz, foram colocados na mesa. O gerente recebeu a mensagem, mas não pareceu de fato ter sido afetado pelas informações, ao menos não externamente. Só o tempo dirá se este ruminará o assunto e o trará a tona futuramente.

Meio incomodado com o resultado da conversa, diferente daquele que esperava, Renato largou os problemas em sua mesa e foi encontrar-se com Paloma no metrô. No caminho, depois de falarem pelos cotovelos coisas sem sentido prático, mas que causava gargalhadas gostosas nos dois, a irmã contou ao rapaz que vai fazer faculdade novamente. Será esteticista! Renato tentou fingir normalidade, mas sua cabeça tradicionalista para cursos superiores não sabia que estética era um, mais do que um simples curso técnico.

Independentemente da classificação, o rapaz tentou demonstrar entusiasmo a Paloma, para motivar a moça de vinte e seis anos que ainda busca sua vocação. Além disso, por amor a ela e coincidente com seu perfil, ele discursou em tom professoral sobre o que eram escolhas de carreira e dos potenciais desafios que ela iria encontrar. A irmã, como de praxe, ouviu atenciosa a tudo.

Essa conversa inteira se passou enquanto o par ia do metrô ao apartamento de Renato e dali de carro para a casa de Paloma. Despediram-se rapidamente e ele foi mais uma vez dormir em Alice, já que amanhã está agendada uma viagem pelo aeroporto de Guarulhos ao Rio de Janeiro.

Chegando na cidade em que a namorada mora, ele percebeu a burrice que tinha cometido por pura falta de atenção: o computador havia sido largado em sua sala, lá no centro de São Paulo! Ao encontrar a moça na portaria do condomínio em que ela mora, contou-lhe o ocorrido e ouviu que receberia sua companhia se ele quisesse ir buscar o aparelho e voltar, ou que ele poderia ir embora tranquilamente, já que ela entendia os custos do lapso.

Tudo ponderado, incluindo o fato de que o apartamento dela é bem mais próximo ao aeroporto do que o seu, ele fez o bate-e-volta. O casal conversou só amenidades nos 40 minutos em que dividiram as ruas da metrópole, selando a vocação do dia de ter sido de bons bate-papos.