A vida de Renato, contada quase diariamente por seu biógrafo favorito

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Equilibrando as coisas no namoro (28/11/2015)

A boca seca e o gosto de "corrimão de metrô" na boca eram o preço a se pagar, junto com a dor de cabeça leve, pelo esbanjamento etílico da noite anterior. Nada insuportável, cabe o registro. Nesse estado, Renato foi a pé até o salão de cabeleireiro na quadra ao lado cortar o cabelo.

Já de cobertura nova, ele voltou pra casa de sua mãe, tomou um banho e foi pra própria casa encontrar Alice, já que tinham programado um almoço juntos em um restaurante austríaco. Ele se trocou e se arrumou o melhor que pôde pra receber a namorada, que chegou menos de dez minutos após ele ter mandado mensagem para ela dizendo que só a aguardava. Ela também tinha tido o maior esmero para se apresentar e o casal estava esplêndido.

O restaurante em si era bastante aconchegante, um clima quase intimista sem chegar no introspectivo. Uma casa adaptada, com paredes rústicas e mesas de madeira. Os garçons foram extremamente atenciosos durante todo o período e até o dono veio papear com o casal, sem invadir o espaço deles. Um ótimo momento.

O vinho que acompanhou a comida excelente escancarou para o casal que ambos tinham dormido pouco na noite anterior e precisavam descansar. Os olhos pesavam e houve uma batalha intensa contra o corpo para que ambos se mantivessem acordados até chegarem em Guarulhos, na casa dela.

Depois de uma pequena soneca, de pouco mais de uma hora, eles se acordaram e ficaram conversando na cama. O caminho natural que o diálogo trilhou trouxe a ele a oportunidade de finalmente digerir a questão da viagem de Alice ao interior e o festival de música eletrônica. Renato começou filosofando:

- Sabe o que me incomoda? Não é o processo, é o resultado: você comenta comigo que pretende ir pra algum lugar sozinha e eu digo "OK". Eu falo que pretendo ir para algum lugar sozinho e você reage negativamente, às vezes até fechando o tempo...

- Não entendi. Eu comento as coisas com você exatamente para você poder emitir opinião. Suas opiniões são sempre favoráveis, ué.

- É exatamente esse o ponto. Você sabe que eu sou bem tranquilo com relação a isso, mas você não é. Me parece que, ao se dar conta que existe essa diferença, você meio que abusa da situação, fazendo o que tem vontade porque sabe que sou flexível, mas não abre a mesma possibilidade para mim porque se incomoda se eu fizer exatamente o que dou espaço para você fazer.

- Ah, Rê! Não sei se estou vendo onde você quer chegar...

- Se eu sou flexível, mas não posso viver sob regras flexível, então não quero mais ser flexível com você. Vou tentar manter a mesma rigidez que você exige de mim. Eu acho ruim isso, mas acho pior me chatear com as reflexões que faço sobre essa assimetria.

- Bom, essa é uma informação nova pra mim! Não sabia que te incomodava isso que você chamou de assimetria. Tudo bem se você prefere mudar a forma de agir; vamos ver o que dá.

E ambos olharam em silêncio para o ventilador de teto que girava calmamente apenas para refrescar o ambiente. Finalmente Renato engoliu o que ia e voltava do seu estômago nos últimos dias.

O celular do rapaz a tocar cortou a mudeza do quarto. Era Esponja chamando o casal para um barzinho à noite, coisa de duas horas a frente. Em conjunto, ele e ela decidiram aceitar o convite e foram se arrumar para sair.

O bar era uma casa de cervejas nova da cidade, inaugurada há menos de um mês. Até por isso, era menos cheia e o atendimento ainda estava de primeira. Encabeçaram os pedidos de cerveja Esponja e Alice, com os respectivos namorado e namorada vindo atrás em frequência menor de solicitação do garçom. Foram três horas de bate-papo e degustação cervejeira.

Quando aaíram de lá Renato assumiu o volante, já que Alice estava se queixando de uma leve dor de cabeça e um pouco de moleza. Os dois foram para o apartamento de Renato e caíram na cama depois de cinco passos lá dentro, com o corpo cansado pela quantidade de horas de sono em atraso.